O Projeto

PROJETO APOIADO PELO EDITAL DAS ARTES DE FORTALEZA 2016 - SECULTFOR - Lei nº 10.432/2015.

PROJETO CONTEMPLADO PELO XI EDITAL DE INCENTIVO ÀS ARTES - LINGUAGEM DANÇA, PELA SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DO CEARÁ


Nascido no encontro entre cinco jovens artistas da Dança Cearense, então estudantes das Graduações em Dança da Universidade Federal do Ceará, este trabalho partiu da investigação de possibilidades coreográficas e dramatúrgicas afinadas com o universo ritual indígena, onde é priorizado o movimento elementar, repetitivo, construído em acordo com uma marcação rítmica binária. Fomos a essa referência a fim de descobrir/inventar desdobramentos coreográficos potentes, desenvolvendo tecnicamente o que chamamos de corpo mínimo ao investigar uma corporeidade que se institui no avesso da virtuose do corpo cênico, criando e recriando simbolismos e intensidades na cena dançada, em velocidades, pausas, posturas e na lida com o espaço a ser habitado.

Intentamos, pois, desfazer fronteiras dentro de cada um de nós, intérpretes, para dar vasão a uma ficção verdadeiramente digna de ser partilhada - ficção sim, já que nunca poderemos falar do mesmo lugar de que falam eles, os indígenas; o que não significa que não possamos contribuir, gritar e dançar juntos, com necessário cuidado para não tratarmos de maneira rasteira algo tão sério como o que aqui está proposto, sem cair em estereótipos, gerindo uma pesquisa dramatúrgica não deslocada de contexto, mas que aproxime as experiências.

O momento é propício para estas questões borbulhantes. Explode em toda a América Latina movimentos de resistência e visibilidade social dos e com os povos originários. No Brasil de 2019, com a ascensão do conservadorismo ao poder político, financiado, entre outras, por grandes organizações agropecuárias, latifundiárias e mineradoras, o ataque aos povos brasileiros nativos é ainda mais atroz do que aquele que vinha ocorrendo nos últimos anos. Faz-se necessário e urgente o envolvimento das artes neste movimento, de forma séria, auxiliando numa reorganização simbólica do imaginário social acerca dos temas indígenas. Pretendemos, pois, que este trabalho possa ajudar a reforçar a visibilidade das questões indígenas por onde passarmos, acreditando nesse devir índio como ativador de novas sensibilidades e construções simbólicas sobre as questões que buscamos tratar.

Esta iniciativa é, ainda, uma forma de ir na contramão da tão reconhecida falta de memória cultural cearense, estimulando uma produção interessada em escavar processos sociais e modos de vida cada vez mais esquecidos, pois tão importante quanto abrirmo-nos ao que nos chega de fora é lutar contra nossa síndrome de Iracema, para reconhecer, (re)performar e então recriar o que vem de dentro - talvez por isso mesmo tão difícil de se enxergar. Neste sentido, este trabalho importa tanto no campo artístico quanto no político, interrogando o lugar do índio hoje, agregando-se a tão importante debate social.

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